quinta-feira, 17 de abril de 2008

A expansão




Cerca de 200 fiéis se ajoelham diante do altar da Ganesh, deus hindu do sucesso e da superação de obstáculos. A cerimônia é hindu e o transe coletivo é efeito do chá do Santo Daime. O chá é um dos ingredientes da cerimônia que acontece uma vez por mês em uma escola espiritual no interior de São Paulo. Este ritual é guiado pelo mentor Raimundo Irineu Serra (1892-1971), conhecido como o fundador da doutrina do Santo Daime.
Essa miscigenação de crenças também se repete com orixás de umbanda, e retratos daimistas posicionados em lugares estratégicos do terreiro. Essa fusão tem promovido a mistura entre a doutrina Daime com a religião afro-brasileira.
Antropólogos explicam que assim como outras religiões o Santo Daime também tem propriedade de juntar elementos de outras crenças, como umbanda, esotéricos, ocidentais e orientais, pois a ayahuasca facilita a experiência mística de qualquer religião. E é justamente essa experiência, sem a intermediação de um sacerdote, que está colaborando para a sua expansão. Segundo praticantes de umbandaime, a bebida proporciona sensibilidade maior e promove uma maior integração com a religião.Questionados sobre qual a colaboração do Daime em suas buscas espirituais, os fiéis dizem que o chá “oferece mais clareza para expressar e reconhecer a verdade”.
A aceitação dessas fusões religiosas tem causado polêmica entre aqueles que estão acostumados com os “rituais antigos”. Essa é uma das características das crenças que se proliferam, como é o caso do Santo Daime, que trouxe da amazônia uma bebida que passou por centros urbanos brasileiros e pelo exterior até se transformar em uma espécie de “bebida sagrada”.
Por Caroline Bassetto

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