segunda-feira, 16 de junho de 2008

Conclusão

Por Fernanda Rodriguez

Ao escolhermos o Santo Daime sabíamos que se tratava de uma religião muito pouco conhecida por nós, integrantes do grupo e por uma grande parte dos nossos colegas de sala, e claro pela busca do novo, do desconhecido. Muitas pessoas têm uma imagem diferente do que realmente é esta religião, muitos não fazem a mínima idéia do que se trata, onde acontece, o que acontece entre outras dúvidas comuns em relação ao Santo Daime.
Através de buscas e entrevistas com pessoas que já fizeram ou ainda fazem parte desta religião, pudemos analisar e entender melhor sobre os seus ensinamentos e sua doutrina, fundada na década de 30 no coração da Floresta Amazônica. Constatamos que seus ensinamentos são musicais e estão contidos em seus hinos cantados e quanto bem proporciona à seus fiéis, tem como base o chá Santo Daime que requer alguns cuidados ao ser preparado, este chá é tomado durante os rituais de quatro em quatro horas e demora pouco mais de meia hora para fazer efeito, então tomados pela força desta bebida cantam e louvam a Deus a noite inteira.
Em nosso trabalho de campo tivemos que enfrentar algumas barreiras que nos foram impostas ao entrar em contato com o (CARA QUE FALAMOS), teríamos que tomar o Santo Daime para participar do seu ritual, mas, em comum acordo entre o grupo decidimos que participar deste ritual não seria prejudicial se não fosse feito, então realizamos diversas entrevistas com adeptos desta doutrina e assim concluímos nosso blog com muita eficiência.
Acreditamos que buscar o novo só nos torna melhores naquilo em que queremos para nos mesmo, conhecer novas maneiras de viver e respeitar a maneira do nosso semelhante é o melhor que podemos, descobrimos que cada grupo tem a sua e exclusiva identidade. Podemos dizer que atingimos nosso objetivo com esse trabalho, conhecemos algo novo que vamos levar a diante como algo a mais em nossa bagagem.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Santo Daime ganha adeptos na Grã-Bretanha

Por Caroline Bassetto

O Santo Daime, está ganhando cada vez mais adeptos na Grã-Bretanha, segundo afirma reportagem publicada pelo caderno de cultura do jornal britânico The Times.
Segundo a reportagem, o número de britânicos adeptos do Santo Daime estaria em algumas centenas e crescendo "apesar de um obstáculo óbvio - o princípio ativo da ayahuasca, dimetiltriptamina (DMT), é uma droga classificada como classe A (classificação do governo britânico para as drogas mais pesadas)".
O texto observa que os seguidores do Santo Daime na Grã-Bretanha se encontram de maneira secreta, temerosos de possíveis batidas policiais.
Eles praticam a religião em suas casas, em centros comunitários, escolas e salões de igreja, muitas vezes dizendo aos anfitriões que precisam do local para um ensaio de coral e nunca anunciam os encontros, sendo que os novos membros somente podem participar por convite. A reportagem mostra também que os seguidores do Santo Daime afirmam que a sessão com o chá é equivalente a cem horas de terapia, e também que a ayahuasca, é uma manifestação de Jesus Cristo que os traz mais perto de Deus.
A reportagem comenta que a religião criada por Irineu era "predominantemente cristã com uma ênfase na natureza - nos espíritos da floresta tropical - e sustentava o crescimento espiritual por meio do consumo da ayahuasca durante rituais cuidadosamente definidos".

Exportação:

Os seguidores do Santo Daime no Brasil dizem produzir mensalmente em Céu do Mapiá 2 mil litros de chá de ayahuasca, enviados ao exterior pelo correio em pacotes marcados como "chá".
Uma porta-voz do Ministério do Interior britânico, afirma porém que o tráfico de DMT para a Grã-Bretanha é ilegal e pode resultar em uma pena de prisão de até sete anos.
Questionado se os acusados não poderiam citar o artigo 9 da Convenção Européia de Direitos Humanos, que garante a liberdade de pensamento, consciência e religião, ele disse que seria uma questão para os tribunais.
fonte: BBC Brasil

Texto aos novos

Por Laura Buoro Cortizo

Como parte de nossa pesquisa de campo, o organizador Beto, como já foi dito anteriormente, nos indicou este texto para os que pretendem fazer o "trabalho" pela primeira vez. O texto já estava previamente produzido e é dado a todas as pessoas que se interessam pela religião e pretendem segui-lá.

Tomar o Santo Daime pela primeira vez
De um modo geral, quem vai a uma igreja, seja qual for a religião, está em busca de respostas para suas questões existenciais, vai atrás da cura de algum mal físico, mental ou espiritual, ou mesmo procurando descobrir se Deus realmente existe e, existindo, o que deseja dela. Nessa busca as respostas são dadas a cada pessoa de acordo com seu merecimento, com o nível de sua busca interior e entrega e de acordo com a graça Divina.
Para tomar o Santo Daime é preciso primeiramente ter uma noção bem clara de que é um trabalho espiritual, onde se faz uso de uma bebida que expande a consciência. Não se faz uso recreativo do Santo Daime e sim religioso, em seu verdadeiro sentido de re-ligião ou re-ligação (do latim religare) com Deus. Portanto, é necessário uma postura de respeito, em virtude da seriedade do propósito.
Todos querendo participar de nossos trabalhos, devem vir por vontade própria. Em nossa tradição prezamos muito o livre-arbítrio e acreditamos que quem deve chamar a pessoa para conhecer o Santo Daime é o próprio Mestre presente na bebida. Para nós o Santo Daime é o veículo material para a manifestação do espírito do Mestre, que vem ensinar, curar e transformar todo aquele que se entrega à Boa Nova que Ele traz.
Preparação Recomenda-se uma preparação de três dias, antes do trabalho, representada por uma abstinência sexual, de álcool e de carne vermelha. Esta preparação, comum a trabalhos espirituais de qualquer linha, tem uma razão física, pois mantém o corpo um pouco mais leve e, assim, mais próximo de atingir o objetivo desejado, mas deve se estender além do físico. Todos devem preparar também a mente e o espírito para receberem a visita do chamado hóspede íntimo (o próprio Mestre) e, assim como quando recebemos uma visita em nossas casas limpamos e arrumamos tudo previamente, devemos também preparar nossa casa de carne e osso para o Visitante, ainda mais sendo Ele tão ilustre.
Todos devem vir de roupas claras, mulheres com saia abaixo do joelho e homens de calças compridas. Camisas sem mangas e decotes não são permitidos, assim como roupas que possuam tons de vermelho e/ou preto. Mesmo em dias quentes é aconselhável trazer algum agasalho, pois a Igreja do Céu do Mar fica localizada em meio à floresta e à noite geralmente faz muito frio. Uma ressalva a respeito de toucas e outras coberturas para a cabeça: tradicionalmente, em lugares sagrados (como a igreja) as mulheres cobrem a cabeça em sinal de respeito e os homens a descobrem com o mesmo fim. Em nossa doutrina as mulheres não precisam seguir essa tradição, mas pedimos aos homens que mantenham suas cabeças descobertas, salvo em caso de doença.
A postura a ser adotada nos trabalhos, como já foi dito, deve ser de respeito e entrega aos ensinos transmitidos no interior de cada um. Esta postura deve se estender também à postura corporal, portanto não se deve fechar o corpo cruzando braços e pernas. Deve-se também procurar manter a coluna ereta, os olhos fechados e o pensamento bem contrito e focado, com o único objetivo de lembrar-se de Deus.
A coragem é uma virtude que aproxima o buscador de seu objetivo, portanto, é importante confiar e não ter medo de nada do que possa ocorrer durante os trabalhos. O ingestão do Santo Daime é absolutamente segura, mesmo que algumas vezes possa causar desconforto físico, sempre passageiro e parte do processo de cura espiritual. Compreende-se que o ser humano tem como defesa o medo do desconhecido mas, se desejamos progredir, é preciso vencer este medo. Algumas vezes a pessoa entra em contato com uma luz tão incrível e extraordinária vinda do céu, que ela mesma, por medo do desconhecido, interrompe seu aprendizado, abrindo os olhos e não atingindo assim, de forma completa, o objetivo que a motivou a ir à igreja. Por outro lado, algumas vezes pode entrar em contato com uma energia negativa, a mesma presente nos governantes dos países em guerra e nas famílias, causando desarmonia e conflito. Esta força negativa também está dentro de cada um de nós e deve ser iluminada para podermos nos transformar e ter uma vida mais de acordo com a Ordem Divina. Um dos aspectos mais importantes do trabalho com o Santo Daime é justamente este: iluminar as trevas interiores, tornando consciente o que é inconsciente. Portanto, caso essa negativa apareça, não tenha medo, pois é parte do processo de iluminação conhecer as áreas a serem iluminadas. Todos devem ter a certeza de que tudo terá um início um meio e um fim no trabalho, não havendo necessidade de medo. Além disso, em toda a história da doutrina do Santo Daime, nunca ouve qualquer ocorrência negativa causada pelo uso da bebida. Ao contrário, os registros são apenas de curas, materiais e espirituais.
Limpeza é algo que ocorre no momento em que a pessoa vê aquilo que a impede de viver em plena harmonia, alguma coisa física, emocional ou espiritual. A limpeza pode se processar através de vômito, diarréia, lágrimas ou, na maior parte das vezes, através da conscientização de um erro e do arrependimento, quando a pessoa pode pedir seu perdão a Deus. As experiências proporcionadas pelo Santo Daime dificilmente são esquecidas, o que permite guardar o aprendizado e assim evitar repetir as atitudes, pensamentos e/ou sentimentos que foram expurgados. Durante os trabalhos do Santo Daime, vários grupos de apoio se revezam; são os fiscais, pessoas capacitadas para, na medida do possível, auxiliar todos aqueles que precisarem, emprestando cadernos de hinos, dando uma atenção especial em caso de limpeza e outras necessidades que possam surgir. Pede-se que todos procurem respeitar e acatar as instruções transmitidas pelos fiscais.
É recomendado que se tome todas as doses do Santo Daime que forem servidas durante o trabalho. Como já foi dito, nossa doutrina preza o livre-arbítrio e aqui ninguém convida ninguém para tomar o Santo Daime, porém é importante, a partir do momento que a pessoa decide participar do trabalho, que ela procure cumprir todas suas etapas. Sendo um trabalho de corrente espiritual, é fundamental que todos estejam na mesma vibração, em sintonia, de forma a otimizar os resultados. Muitas vezes, também, a pessoa está se sentindo um pouco enjoada com a primeira dose e tem medo de tomar a segunda. O que geralmente ocorre, nestes casos, é que a segunda dose traz o equilíbrio que a pessoa está precisando.
Por uma questão de segurança, você deverá assumir o compromisso de permanecer até o final do trabalho. O Santo Daime expande a consciência, deixando a pessoa mais sensível, física e espiritualmente, não sendo prudente sair para a rua sem ter concluído e fechado seu trabalho. Portanto, quando for fazer um trabalho do Santo Daime - principalmente no início procure se informar a respeito de sua duração e verifique seus compromissos para a manhã seguinte.
Dentro do espaço da igreja não é permitido fumar. Consideramos a igreja uma espécie de hospital, pois traz a cura a diversos tipos de enfermidades e, assim, seria uma incoerência permitir o uso de um veneno em um local destinado à cura. Não é permitido também se ausentar do espaço da igreja durante os trabalhos para fumar na rua.
Procure chegar à igreja 30 minutos antes do início do trabalho e apresente-se na Recepção como sendo novato, para ser orientado e receber algum esclarecimento que deseje.
Nosso Centro, que é uma entidade sem fins lucrativos e não cobra nenhum tipo de ingresso para os trabalhos, porém é importante frisar que o custo para produzir o Santo Daime e para manter a sede funcionando é bastante elevado, sendo, portanto, muito bem-vinda qualquer contribuição financeira voluntária.
Seja bem-vindo e BOM TRABALHO!

terça-feira, 20 de maio de 2008

Organizador conta como ocorre o culto

Por Laura Buoro Cortizo

Em meio ao nosso trabalho de campo, conseguimos uma entrevista com o organizador do Santo Daime em campinas, mais precisamente em Barão Geraldo. O organizador Beto nos contou como funciona o ritual e todas as suas etapas, e ainda abriu um convite a todos que têm interesse de participar de um “trabalho”, é assim que é chamado o ritual daimista, lembrando que só deve participar aquele que se sentir preparado para ingressar na religião, e não ir apenas por curiosidade. Qualquer informação sobre aonde é realizado o culto e até mesmo o contato do organizador é só entrar em contato com a equipe.
Obs: Já foi realizada uma postagem à respeito do culto, porém a postangem foi feita por base de pesquisa e nos revela os principais pontos, já nesta que foi realizada a partir de entrevista, nós podemos encontrar pontos mais precisos. A entrevista se tratou do culto pois segundo o organizador é a única coisa que ele pode nos contar, para sabermos mais deveríamos ir até um "trabalho", mas vale recordar que não podemos ir apenas para assistir, temos que ir e participar inclusive tomando o chá.

O Culto
A liturgia daimista consiste em três tipos básicos de trabalho: concentração, festejos (também conhecidos como bailados) e feitio, e em todos se comunga do Santo Daime.Nas concentrações realiza-se um trabalho de auto-conhecimento e aprendizagem através das mirações, visões alcançadas através da fé de cada participante e da bebida sagrada.

Concentração
Cerimônia religiosa do Santo Daime, conhecida como o culto daimista por excelência, já que os festejos, como o próprio nome diz, são festas, celebrações.As concentrações costumam ser realizadas por convenção todos os dias 15 e 30 de cada mês nas igrejas daimistas; contudo, também por convenção ou conveniência de cada igreja, em alguns centros são realizadas em outros dias (finais de semana, por exemplo).São duas as liturgias da Concentração daimista, mas em ambas toma-se o Daime, fecha-se os olhos e permanece-se em silêncio entre aproximadamente uma e duas horas, canta-se um conjunto de hinos conhecido como "Hinos novos" ou "Cruzeirinho", rezam-se Pai-Nossos Ave-Marias e Salve-Rainhas e está encerrado o trabalho.

Festejos

Um dos tipos de trabalho que constituem a liturgia do Santo Daime. Neles ocorre o bailado, ao som de maracás e outros instrumentos.Algumas datas "festejadas" pelo Santo Daime são:• Dia de São José;• Dia de São João;• Dia de Todos os Santos;• Dia dos Pais;• Dia das Mães;• Dia de Nossa Senhora da Conceição;• Natal;• Dia de Reis;• Aniversário do Mestre Irineu;• Aniversário do Sr. Leôncio Gomes da Silva.

Feitio

O feitio é cerimônia ritual em que se produz a bebida enteógena utilizada no culto do Santo Daime. As duas plantas com que é preparado o santo daime são:• O banisteriopsis caapi, conhecido popularmente como jagube, mariri, entre outras denominações, e• A psicotria viridis, popularmente rainha ou chacrona.O jagube é batido com marrretas de madeira, e depois de as folhas do arbusto rainha haverem sido limpas, os dois são cozidos em água.Esse primeiro cozimento é retirado e colocado em outra panela com uma nova quantidade de jagube e rainha. Após esse segundo cozimento está pronto o daime.

Hinários

Doutrina cantada, o Santo Daime conta hoje com mais de 80 hinários, segundo a "hinarioteca" daimista. Os principais são "O Cruzeiro", do Mestre fundador da doutrina, e outros quatro hinários, conhecidos como "os quatro falecidos", "hinário dos finados" ou, ainda, "hinário dos mortos":• Vós Sois Baliza, de Germano Guilherme;• Seis de Janeiro, de João Pereira;• O Amor Divino, de Antônio Gomes;• O Mensageiro, de Maria Marques "Damião".

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Ministro da cultura defende ayhuasca como patrimônio cultural


O ministro da Cultura, Gilberto Gil, vai encaminhar ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) processo para transformar o uso do chá de ayahuasca, feito a partir do cipó de mariri e das folhas de chacrona e que tem substâncias psicoativas, em patrimônio da cultura brasileira.

"Espero que nós possamos celebrar em breve o registro do ayahuasca como patrimônio cultural da nação brasileira", disse o ministro em Rio Branco, capital do Acre, nesta quarta-feira (30). "Neste caso, específico, acrescenta-se o afeto em relação à outra dimensão importantísssima para a vida, que é a natureza", acrescentou.

Gil endossou um pedido assinado por representantes de três troncos fundadores das doutrinas ayahuasqueiras: Alto Santo, Barquinha e União do Vegetal. O chá mais famoso feito do cipó e das folhas é usado em rituais do Santo Daime, uma corrente descendente do Alto Santo.

Apesar das propriedades alucinógenas, o uso do chá é permitido no Brasil para "ritos religiosos". O uso causa, segundo estudos científicos, alucinações, hipertensão, taquicardia, náuseas, vômitos e diarréia. Ayahuasca é palavra indígena que tem duas traduções em português: "corda dos mortos" ou "vinho dos mortos". A proposta de reconhecer o chá tem apoio do governador do Acre, Binho Marques (PT), e da deputada Perpétua Almeira (PCdoB-AC). A União do Vegetal promove, em Brasília, o II Congresso Internacional do Hoasca, entre 9 e 11 de maio. O objetivo é debater os últimos estudos realizados com o chá. O ministro da Cultura foi convidado para participar.




(http://www.g1.globo.com/ - Diana Siquelero)

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Pesquisa de campo

Por Laura Buoro Cortizo

Nossa equipe entrou em contato com o organizadopr de uma celebração de Sainto Daime em Campinas, eles chamam de "trabalho", estávamos empolgados com o nosso trabalho de campo, porém ele nos explicou que apenas a visita ao trabalho não é possível, nós teríamos que tomar o chá. Mesmo sendo uma religião legalizada e o chá ser feito com ervas naturais, nós e o professor Álvaro decidimos que seria melhor não tomarmos o chá. O grupo ficou bem dividido com a proposta, alguns tiveram a curiosidade de ir tomar o chá e outros ficaram apreensivos. Como nosso trabalho de campo nos impôs uma barreira, decidimos ir para um outro lado, como a entrevista postada anteriormente.
Primeiro entramos em contato com uma pessoa que frequentou mas não seguiu a diante. Achamos interessante mostrar todos os lados dessa religião, a partir de vários pontos de vistas, e é assim, a partir desta entrevista que vamos partir para outras, como uma pessoa que segue a religião e também o organizador do Santo Daime em Campinas.
Como foi dito pela entrevistada, o preconceito existe sim, muitos não entendem como o Daime virou religião, e por um lado entendo que por ser um trabalho que devemos trabalhar longe do etnocentrismo, está erado da nossa parte não tomar o chá, afinal é o que faz parte da religião e nós teríamos que conhecer, mas, por um outro lado, também aprendemos com o estudo da religião, que o chá não pode simplesmente ser tomado, como seria no nosso caso por curiosidade. Existe toda uma preparação psicológica e espiritual para ser realizado esse trabalho, e nós não temos o direito de ir lá só por curiosidade tomar esse chá em meio a tantas pessoas que seguem essa religião e tem a fé.
Segundo a nossa entrevistada, a primeira vez que ela participou do trabalho foi completamente diferente da segunda, o que nos dá por base que a preparação é fundamental.
Desde o começo da nossa pesquisa descobrimos, pelo menos eu que nunca tinha ouvido falar de Santo Daime, que essa é uma religião séria, e ao contrário do que a maioria pensa, que o povo vai lá pra tomar o chá e ficar "louco", as pessoas seguidoras e que fazem o trabalho espiritual são pessoas que entendem o Daime como qualquer outra religião, o que realmente é. Muitas pessoas encontraram sua fé lá e a religião trouxe muita coisa boa!
Com a entrevista anterior e com as próximas que virão, nós pretendemos mostrar o Daime como uma religião como o Catolicismo por exemplo, e mostrar o lado em que você alcança um crescimento interior! Procuramos relativar a religião criada por Seu Irineu.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

"Eu era uma pessoa antes do ayhuasca, hoje sou outra e busco o equilíbrio entre as duas"




O Santo Daime instiga a curiosidade de muitas pessoas e desperta a vontade de conhecer a real da religião, vivendo a experiência. Mas tomar as doses do chá é algo a se pensar muito, afirma a estudante de psicologia Rafaela*, que foi a dois rituais daimistas, mas não virou uma seguidora. Antes de decidir se viveria a “viagem” ou não ela pesquisou muito em sites, fez diversas perguntas a amigos seguidores da doutrina, que sempre a convidavam a participar de um ritual, e ainda assim, demorou meses até ir a um. Os dias e locais dos rituais do Santo Daime não costumam ser muito divulgados, por isso Rafaela acredita que se deve ter algum “contato” para um início no ayhuasca. Existem rituais mais acessíveis e outros bastante fechados.
A estudante nos conta que no dia que conheceria na prática o que tanto já havia estudado a teoria, há aproximadamente um ano, ficou muito ansiosa. “Ao chegar ao local, fui muito bem recebida e senti uma paz muito grande”, diz. Ainda assim, “a cada minuto que passava a ansiedade só aumentava”, lembra Rafaela. Ela nos contou como tudo aconteceu em sua primeira experiência...

Inicialmente o guia do cerimonial fala sobre um contrato, um termo, que diz que a participação de cada um é de espontânea vontade e que todos devem participar do cerimonial até o fim (até ninguém mais estar sob efeito do chá), entre outras coisas...
E então ritual realmente começa. O guia xamã, ou qualquer outro nome que seja, fala inicialmente sobre a preparação do chá, das duas plantas do poder, cada uma representando uma força, a feminina e a masculina, e suas influências. Em seguida, o guia da cerimônia dá uma espécie de sermão, que Rafaela disse que varia a cada dia, assim como tudo costuma variar de ritual para ritual: “O desse xamã é bem relacionado com o espiritismo, aí também já é outra coisa para se falar. Vou ser breve, o ayhuasca não é uma religião única e isolada, ela tem relação com outras e depende do xamã que a guia. O do ritual que eu fui fala que procura ser o mais neutro possível, mas não tem como deixar de lado né!?”.
Então, depois de tudo, inicia a formação da fila para tomar a primeira dose do chá. E, como a estudante ressaltou, há rituais e rituais. Há uns que as pessoas cantam e dançam os hinos daimistas, já neste que ela foi todos ficavam deitados. Então ela bebeu o Santo Daime e foi para o seu lugar...

“Assim que eu tomei o chá, me arrependi de estar ali, mas já era tarde para voltar atrás”, conta Rafaela, que seguiu para o seu lugar e esperou para ver o que aconteceria com ela a partir dali. Ela disse que durante o dia todo havia pensado em mil coisas que poderiam acontecer, vontades, medos, pensava nas coisas mais absurdas, pois, para ela, tudo seria possível. “De repente sinto metade do meu corpo amortecer e, logo após, senti como se eu não estivesse mais ali”. Ela tentou nos explicar dizendo que as primeiras horas foram como se variasse seu estado de consciência e inconsciência, mas que foram muito agradáveis e a fizeram se sentir extremamente bem e feliz. “É inexplicável o que acontece...”. Durante todo seu trabalho, Rafaela pensou em diversas coisas relacionadas às pessoas de sua vida, a ela mesma, ao que já haviam lhe dito e até ao que o xamã discursou no início do ritual.
No final da “primeira parte”, o trabalho de Rafaela se tornou algo mais pesado e profundo, e quando ela não via a hora de tudo aquilo acabar chega o momento de tomar a segunda dose do Santo Daime. Essa segunda dose é opcional. Há pessoas que conseguem fazer todo trabalho apenas com uma dose, enquanto outros dizem que ela é essencial para “acalmar” e terminar melhor o ritual. E foi quando a estudante pensou muito mesmo se tomaria ou não. Segundo ela, ela teve um conflito consigo mesma: “ao mesmo tempo em que não queria mais aquela coisa dentro de mim eu me lembrava que a segunda dose ajudava a acalmar, e isso era o que eu mais queria”, e optou por toma-la.
A partir da segunda dose do Daime, Rafaela fez uma “limpeza” interior e contava os segundos para tudo acabar, e quando acabou ela conta que já estava muito bem, ainda que um pouco perturbada com as experiências que viveu, principalmente nas partes mais pesadas de seu trabalho (como acreditar que havia morrido, pensar que era um ser minúsculo e não tão grande quanto pensava que era, etc). E no final pensou: “nossa, estou viva!”, brinca.

Rafaela contou como se sentiu após tudo isso:
“A partir dessa experiência sou outra pessoa e tenho outros pensamentos, não cheguei a perfeição e nem perto dela, há muita coisa pra melhorar e sempre vai ter, mas percebo que sou alguém muito melhor. Eu era uma pessoa antes do ayhuasca, me tornei outra hoje e busco o equilíbrio entre as duas. No fim, soube que ficamos trabalhando de sete a dez dias com o que passamos lá. E realmente, não paramos de pensar, é como se o cérebro trabalhasse 72h por dia!”.

“Lições eu tirei várias, e acho que cada ritual traz lições conforme o que passamos nele. Depois fui buscar saber sobre o ritual com outros olhos, com os olhos de quem já sabe um pouco sobre este lado da moeda. Hoje tenho muitas opiniões acerca disso. Mas tenho opiniões e não verdades, pois ninguém conhece as verdades senão as suas próprias, e olhe lá! Acho que vale lembrar que cada experiência é única e não é por que eu tive essa que todas são assim. Já tive uma depois dessa que foi totalmente diferente”.

O segundo ritual de que Rafaela participou foi, segundo ela, muito mais bonito. Tiveram leituras, chamados, músicas, expressões livres e sua paz interior, que ela conta que tinha muita no dia. Além de o trabalho ter sido em sua própria casa, garantindo maior segurança a ela, com cinco pessoas que ela gosta, sendo um deles um xamã, que guiou a cerimônia, de um jeito bem diferente da primeira que ela participou. Sua facilidade de aceitação e compreensão, adquiridas em sua primeira experiência, também eram muito maiores. Ela se referiu mais ao seu primeiro ritual, pois foi de lá que a estudante tirou mais lições.

Ao ser questionada sobre o porquê de não virar uma seguidora do Santo Daime mesmo depois de gostar de suas duas experiências, Rafaela responde com conhecimento:
“Porque eu acho que não temos que recorrer a 'forças maiores', essa é outra coisa importante. Uns falam que essa força maior é a Rainha da Floresta. Para mim, como estudante de psicologia e depois de pensar muito sobre isso, cheguei a conclusão de que essa força maior é o nosso inconsciente. Que tudo que passamos durante o ritual, está super relacionado com o que temos ‘beeeeeeem’ no fundo da gente. Acho que não temos que recorrer a uma 'força maior' para termos consciência de algumas coisas, lógico que é um grande facilitador, mas cada pessoa tem seu tempo e muitas não estão preparadas para dar esse mergulho no inconsciente. Como eu não estava na primeira vez”.

Mesmo nos dando essa entrevista, Rafaela afirma que não gosta de expor sua opinião a respeito do ayhuasca: “prefiro respeitar a fé que cada um tem, pois sei que há muitas pessoas que se curam com o chá e acho a fé algo essencial na vida das pessoas e é como se fosse uma das principais bases do ser humano”.



*Rafaela é um nome fictício que usamos no texto a pedido da entrevistada, pois ela afirma que existe muito preconceito em relação ao Santo Daime, mesmo esta sendo uma religião legal, como qualquer outra.



por Diana Siquelero



quinta-feira, 17 de abril de 2008

A expansão




Cerca de 200 fiéis se ajoelham diante do altar da Ganesh, deus hindu do sucesso e da superação de obstáculos. A cerimônia é hindu e o transe coletivo é efeito do chá do Santo Daime. O chá é um dos ingredientes da cerimônia que acontece uma vez por mês em uma escola espiritual no interior de São Paulo. Este ritual é guiado pelo mentor Raimundo Irineu Serra (1892-1971), conhecido como o fundador da doutrina do Santo Daime.
Essa miscigenação de crenças também se repete com orixás de umbanda, e retratos daimistas posicionados em lugares estratégicos do terreiro. Essa fusão tem promovido a mistura entre a doutrina Daime com a religião afro-brasileira.
Antropólogos explicam que assim como outras religiões o Santo Daime também tem propriedade de juntar elementos de outras crenças, como umbanda, esotéricos, ocidentais e orientais, pois a ayahuasca facilita a experiência mística de qualquer religião. E é justamente essa experiência, sem a intermediação de um sacerdote, que está colaborando para a sua expansão. Segundo praticantes de umbandaime, a bebida proporciona sensibilidade maior e promove uma maior integração com a religião.Questionados sobre qual a colaboração do Daime em suas buscas espirituais, os fiéis dizem que o chá “oferece mais clareza para expressar e reconhecer a verdade”.
A aceitação dessas fusões religiosas tem causado polêmica entre aqueles que estão acostumados com os “rituais antigos”. Essa é uma das características das crenças que se proliferam, como é o caso do Santo Daime, que trouxe da amazônia uma bebida que passou por centros urbanos brasileiros e pelo exterior até se transformar em uma espécie de “bebida sagrada”.
Por Caroline Bassetto

sexta-feira, 11 de abril de 2008

A cerimônia



A cerimônia do Santo Daime começa no “Dia do Feitio”, que é quando todos os participantes do ritual têm a oportunidade de fazer o seu próprio chá ahyausca. O Dia do Feitio é um dos rituais mais importantes e de maior festividade para eles, pois é quando todos se mobilizam para o preparo da bebida que será consumida em todas as concentrações e em festas de cura.O Saint Daime preserva o caráter sagrado da dança e da festa. Estando em contato com a natureza a cerimônia costuma ter duração de quatro horas e geralmente é dirigida pelo mestre ou por alguém que ele tenha designado. Os seguidores da religião consideram a presença do seu mestre imprescindível para garantir a concentração necessária para manter um alto nível do ritual. Após terem bebido o ahyausca, os participantes permanecem sentados até o fim do ritual. O mestre faz então as “chamadas” de abertura e iniciam a doutrina espiritual, na qual intercalam alguma peça musical para criar um clima propício a ter “bons fluídos”. Nessa ocasião os discípulos têm a oportunidade de ouvir aquilo que eles mais precisam ouvir, pois são ligados através do seu mestre a uma “força superior”, que segundo a crença é de onde provêm todos os ensinamentos espirituais. Depois dessa etapa, os participantes têm a oportunidade de se expressar e fazer perguntas ao mestre, e com isso se dá o encerramento da sessão. Normalmente os mestres acrescentam todo este ritual a trabalhos espirituais de concentração (meditação) ou com danças de coreografia simples, que podem chegar a produzir momentos de verdadeiro êxtase coletivo. São feitos também trabalhos de missa para os mortos e rituais de fardamento (momento em que o indivíduo adere oficialmente ao grupo, passando a freqüentar as cerimônias e a usar as suas vestimentas). A cerimônia só se dá por encerrada quando nenhum integrante está sob efeito do chá.

Por Caroline Bassetto

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A legalização

por Laura Buoro Cortizo

Como uma religião nascida no meio da floresta amazônica, não muito conhecida, mas muito polêmica, esta religião nos surpreendeu com a criação de um evangelho dentro da floresta. Para os seguidores do Santo Daime, esse evangelho é chamado de Terceiro Testamento, segundo os daimistas, uma leitura do cristianismo à luz da ahyausca. Daimistas, seguidores de um homem pobre, analfabeto e que vive no meio da floresta, buscam uma vida mais espiritualizada e harmoniosa com a natureza.
Como a maioria de vocês que estão lendo, eu acredito, devem estar achando isso uma loucura e até dando risada. Pois é, foi a mesma reação que eu tive. Nunca tinha ouvido falar nessa religião, ou melhor, nessa doutrina religiosa, até quando foi cogitado a ser o tema escolhido para o nosso trabalho. A princípio a minha primeira reação foi discordar, afinal como eu iria escrever sobre uma coisa que eu não faço a menor idéia do que seja. Nunca ao menos tinha ouvido falar.
Quando pensei em discordar, também pensei no tal etnocentrismo. Essa história de chá e doutrina no meio da amazônia pra mim era muito estranho, foi então que prestei mais atenção e percebi que só estava enxergando o meu lado e a minha opinião como certa. Resolvi relativizar, entender o outro lado e descobrir um "outro" como certo também, e não apenas o "eu". Foi quando comecei em busca de informações e conhecimento sobre os daimistas.
Desde os anos 60 o Santo Daime é acompanhado por médicos, antropólogos, pesquisadores, polícia federal e exército. Foi o início do processo de legalização. Essas comissões só tiveram pareceres positivos em relação à tal seita ainda na época.
Em 1984, através do CONFEN - Conselho Federal de Entorpecentes, orgão do Ministério da Justiça encarregado de planejar e gerir a política governamental sobre o uso de drogas e fármacos, foi criada uma Comissão de Trabalho para estudar específicamente a questão do uso ritual da ahyauasca. Ao longo de 1985 e 1986, este grupo realizou diversas visitas às comunidades usuárias, inclusive ao Céu do Mapiá, onde confirmou os pareceres positivos das comissões anteriores.
Foram constatados novamente um elevado grau de organização social, solidariedade, coesão e capacidade de trabalho da comunidade. Os indicadores de qualidade de vida lá encontrados (ausência de alcoolismo, desnutrição crônica, mortalidade infantil e delinquência quase 0, ausência de violência, padrões dignos de moradia, alimentação e trabalho) levaram o Grupo de Trabalho do CONFEN a concluir, em 1987 que:
"os rituais religiosos realizados com a bebida sacramental Santo Daime/Ahyauasca não traziam prejuízos à vida social e sim, contribuiam para a sua maior integração, sendo notório os benefícios testemunhados pelos membros dos grupos religiosos usuários"
Tendo à partir daí a nova religião surgida no Brasil. Aqui vamos ter a oportunidade que conhecer um pouco mais sobre o que se trata, e não apenas olhar achando tudo uma loucura.

sexta-feira, 28 de março de 2008

A base do Saint Daime: o chá

Começamos o Blog falando sobre nada menos que a base de uma das religiões mais polêmicas do Brasil, sobre as quais comentaremos ao decorrer do trabalho. O post de hoje foi feito com base nas informações que constam no site oficial da doutrina: http://www.santodaime.org/.
Também conhecida como "Doutrina da Floresta" ou "Doutrina do Mestre Irineu", a religião Saint Daime é a única realmente brasileira. Ela tem como base até hoje o que parece ter feito parte das principais tradições religiosas da antigüidade e que são tomadas como exemplo até hoje: o uso de uma bebida eteógena sacramental (que significa: capaz de suscitar a experiência de Deus em si mesmo).
A bebida é conhecida por ahyausca, é uma espécie de chá obtido pelo cozimento de duas ervas nativas da floresta tropical: o cipó Jagube, que segundo a cultura representa o princípio masculino, e a folha rainha, representando o princípio feminino. Essa bebida altera as perpções de quem a consome. Segundo os daimistas as ervas em conjunto produzem uma "expansão de consciência" que põe o indivíduo em contato com sua "divindade interior", como foi citado entre parênteses no primeiro parágrafo. O chá costuma ser bastante utilizado também entre os povos indígenas da região.
O uso do sacramento Santo Daime, como os seguidores chamam a bebida, é realizado nas datas do seu calendário festivo, obedecendo as regras rituais que foram estabelecidas pelo Mestre Irineu e pelo Padrinho Sebastião, patronos da seita. Esses rituais iniciam-se já no feitio do chá, desde a localização do cipó e da folha na mata; limpeza das folhas, raspação e bateção do cipó, cozimentos à apuração final do Santo Daime. As mulheres cuidam das folhas, enquanto os homens preparam o cipó. Durante todo o preparo, os participantes cantam hinos e tomam o daime.
E assim se preparam para suas viagens interiores e estreitamento de vínculos profundos com a natureza, como os próprio daimistas gostam de ressaltar.


por Diana Siquelero